Fachada da loja que fica na New Bond Street

Por Ricardo Ojeda Marins

Quando a grife francesa Louis Vuitton abre uma nova loja, ela tem um jeito particular de chamar a atenção das pessoas. Com a nova flagship da marca, em Londres, não seria diferente. Uma verdadeira maison em plena prestigiosa New Bond Street, ícone do varejo de luxo da capital britânica. São três andares e 1.500 metros quadrados com acessórios de alto luxo, joias e roupas da renomada marca. Estima-se que £ 30 milhões (cerca de R$ 84 milhões) teria sido o valor investido no empreendimento. Yves Carcelle, CEO da marca, não confirma, porém garantiu que valeu a pena. Ainda segundo ele, a grife investe anualmente cerca de £ 215 milhões com suas lojas. O projeto da loja é do arquiteto Peter Marino, famoso por seus trabalhos em Nova York e em diversos países. Em seu interior há obras de arte originais de Gilbert & George, Jeff Koons e Michael Landy. Há uma escadaria de vidro que atravessa todo o edifício, com displays de LED no chão, que mudam constantemente.

As desejadas bolsas e malas da grife francesa

O primeiro andar é dedicado à moda feminina e calçados, e também abriga uma biblioteca com o que há de melhor em livros de arte contemporânea britânica, bem como obras raras de artistas como Anish Kapoor e Gary Hume. No piso inferior fica a área destinada ao público masculino. No piso térreo podem ser encontrados acessórios e obras originais de nomes como Richard Prince e Takashi Murakami. Já no segundo andar fica a sala reservada a um número restrito de clientes, acessível apenas por convite. Para marcar a abertura, Katie Grand comandou uma “mini-retrospectiva” das criações de Marc Jacobs durante os 12 anos de sua colaboração à marca. Carcelle e Bernard Arnault, CEO do grupo LVMH, conglomerado de grifes de luxo que detém a marca Louis Vuitton, ofereceram um jantar de gala repleto de fotógrafos e representantes da alta sociedade para celebrar.

Pode parecer controverso, estando o mundo ainda se recuperando dos efeitos da crise, além de a zona do euro enfrentar um colapso potencial, ter a Louis Vuitton gasto uma verdadeira fortuna na abertura de uma loja que vai vender suas famosas bolsas por muitos milhares de libras. Conforme disse Carcelle, apesar dos problemas econômicos do mundo, a demanda por nossos produtos está crescendo. “No ano passado, nós apreciamos o crescimento mundial de dois dígitos.” Então, diz ele, as pessoas estão mais cautelosas no sentido de que produto comprar, escolhendo por exemplo, dois itens ao invés de três, mas selecionados com cuidado e atenção. “Portanto, há uma busca em torno da qualidade, durabilidade e apelo atemporal de nossos produtos”, diz ainda Carcelle. Harold Tillman, presidente do British Fashion Council, concorda. “Há um ano, com a crise mundial, as pessoas diziam que o mercado de bens de luxo estava em seu fim, mas aqui estamos nós”, diz Tillman.

Apesar das aparências de “sem crise”, é realmente um momento extremamente sensível para a Louis Vuitton, diz Carcelle: o foco está em fazer o máximo com sua já marcante presença no varejo de luxo, tornando-a mais produtiva e eficaz no fortalecimento da marca. Mas a ênfase é, para o momento, investir na produtividade das lojas existentes ao invés de expansão, o que analistas estão chamando de otimização do varejo.

Detalhes da luxuosa escadaria de vidro