O Luxo ganha cada vez mais espaço no cenário mundial. Apesar de ser um segmento de negócios, o tema em si vem sendo explorado ou até mesmo discutido de forma equivocada ou com enfoque supérfluo. Assim como o Luxo tem seu conceito banalizado, as marcas de luxo também correm este risco. Houve uma democratização do luxo: antes pertencentes a famílias tradicionais, que fabricavam seus produtos de forma artesanal, sob medida e em quantidades limitadas, muitas marcas de luxo passaram, desde os anos 80, a fazer parte de grandes conglomerados empresariais, abrindo seu capital e tendo que prestar contas aos investidores, sentindo, a partir daí, a necessidade de aumentar seu lucro.
A globalização e o crescimento agressivo de uma marca de luxo merecem muita atenção e podem ser perigosos. Algumas delas, para gerar maiores lucros, buscam aumentar as vendas em excesso e, inevitavelmente, passam a focar o mercado com perfil de consumidores menos afluentes, tornando o luxo mais disponível a pessoas de perfis diferentes aos de seus privilegiados consumidores. Essa prática faz com que a lealdade do real público-alvo diminua e este perceba menor valor à marca antes por ele prestigiada e admirada.
A falsificação também é um fator importantíssimo. Extremamente nociva à marca, a prática se caracteriza na venda de forma ilegal e através de cópias de qualidade inferior, podendo tornar banal ou vulgar a imagem do produto. O consumidor de luxo pode perder o sentimento de unicidade e especialidade ao ver um produto falso da mesma marca que o seu original sendo comercializado em locais considerados populares. A verdade é que as marcas são muito cobiçadas, tanto por consumidores de alta renda como por aqueles que não têm menor poder de compra. Ao usar o produto de certas marcas, o consumidor se declara membro de um grupo que concorda com a mensagem que ela remete. Os logotipos de marcas de luxo denotam riqueza, status e bom gosto para muitos. Essa busca de inclusão em um determinado grupo é que faz com que aumente o desejo por algumas marcas perante os consumidores.
A promoção de vendas também merece cuidados. Muitas marcas de luxo, como Hermès e Louis Vuitton não possuem políticas de descontos ou qualquer forma de promoção em seus pontos de venda. A promoção é válida, mas desde que planejada e respeitosa ao conceito luxuoso da marca, pois caso contrário, o cliente pode perceber que há facilidade de aquisição do produto, descaracterizando-o como luxuoso e caracterizando-o como simples.
Na gestão de marcas de luxo, é extremamente importante que ocorra uma política de distribuição, precificação e comunicação seletivas, principalmente os considerados, pela hierarquia do luxo, produtos de luxo inacessível e intermediário. A distribuição, se realizada de forma coerente com a política da marca, poderá evitar a banalização bem como manter a exclusividade, conceito-chave de produtos desse segmento.
Artigo publicado no Blog do Milton Jung (Rádio CBN)