As grandes e prestigiosas marcas de luxo sempre foram conhecidas por sua incrível e capacidade de lançar tendências. Basta que um acessório, cor ou tecido seja apresentado com sucesso nas passarelas para a novidade ser alvo de desejo presente nas maiores redes de varejo de moda distribuídas pelo mundo. Porém, a recente crise econômica que abateu boa parte da economia de países desenvolvidos e o surto de comedimento gerado por ela inverteram esse processo. Agora, as grandes grifes que perseguem uma “moda”: a da sustentabilidade. Claro que não nasceu um repentino amor pelas florestas ou por comunidades de países devastados por guerras e pela miséria. Muitas companhias foram sensibilizadas por uma lógica puramente econômica. Nos últimos dois anos, segundo dados da consultoria Bain & Company, o mercado de luxo mundial sofreu retração de mais de 10% – uma conta de quase 25 bilhões de dólares. Para enfrentar esses tempos difíceis, as marcas de luxo encontraram no apelo ecológico e na postura politicamente correta a maneira mais eficiente de fazer com que o consumidor não se sinta tão culpado ao desembolsar uma pequena fortuna por uma bolsa ou uma roupa tão desejada.
O primeiro a aderir ao “luxo com consciência” foi o grupo LVMH, dono de marcas como Fendi, Louis Vuitton e Donna Karan. Em maio de 2009, o maior conglomerado de luxo do mundo adquiriu 50% de participação na grife Edun, que foi criada pelo cantor Bono Vox para promover o desenvolvimento em países pobres – o algodão usado nas peças, por exemplo, é cultivado por pequenos produtores da África. Outras grifes internacionais, como a Tiffany&Co, que deixou de empregar corais na fabricação de suas jóias, também vem participando ativamente com políticas de responsabilidade social. Na foto acima, pode-se observar uma peça de edição limitada, criada por Marc Jacobs exclusivamente para campanha beneficente da grife Louis Vuitton, em leilão realizado em Londres no ano passado.
Uma das estratégias mais estruturadas é a da Cartier, responsável pela compra de 1% de todo diamante usado em jóias no planeta. A marca francesa mobilizou o Responsible Jewellery Council, que reúne 150 fabricantes de jóias, para convencer todos os associados a exigir de seus fornecedores uma certificação ambiental e social – de modo a garantir que as pedras preciosas utilizadas em suas peças não tenham nenhuma ligação com zonas de conflito, sobretudo na África.
Embora o ímpeto sustentável tenha se intensificado em 2009, algumas marcas de luxo já vem empenhando-se numa espécie de marketing verde há pelo menos cinco anos. Apesar do engajamento demonstrado por elas, ainda é cedo para saber se o apelo ecológico veio mesmo para ficar – ou se não passa de mero artifício para enfrentar os tempos duros. Como boa parte dessas empresas não revela quanto vem sendo investido, fica difícil saber o seu real grau de comprometimento. Seja apenas por estratégia e/ou pela conscientização em si, o importante é saber que, boa parte das marcas tem uma política de sustentabilidade que, aliás, é algo admirado pelo consumidor contemporâneo e fator decisivo de compra para muitos. O consumidor contemporâneo está disposto a pagar uma fortuna por um bem de luxo e a reputação da empresa será, com certeza, algo que o tornará um consumidor do luxo consciente.
Você e a sua empresa estão preparados para engajar-se nesse movimento?