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Aviões particulares: uma necessidade para muitos consumidores

Por Ricardo Ojeda Marins (Artigo publicado no site Gestão do LuxoFAAP)

Cresce o número de compradores de aviões privativos para viagens de lazer ou negócios

Luxo, riqueza, conforto, privacidade, exclusividade. Sem dúvida esses são os principais conceitos que nos vêm à mente ao falar em aviões privativos. Hoje, porém, o cenário do segmento de aviação executiva mudou. Ainda objeto de desejo de muitos e uma realidade para poucos, essas poderosas máquinas vêm se tornando uma necessidade para empresas e para consumidores de alto poder aquisitivo.

No mundo corporativo atual, ter um avião próprio pode representar economia de tempo, agilidade, conforto e privacidade. Os benefícios da aviação executiva são vários: embarque e desembarque com mais rapidez, privacidade durante o voo, customização do serviço de bordo, escolha de uma equipe de confiança (piloto e tripulação), além de opções de itinerários que evitem conexões. Para empresas, o fator privacidade tem um valor ainda maior: um avião particular permite a executivos discutirem estratégias confidenciais de seus projetos durante o voo, com garantia de sigilo, enquanto em um voo comercial não é possível saber se há um concorrente em um assento próximo ao grupo.

O Brasil hoje possui a segunda maior frota de aviação geral do mundo depois dos EUA, segundo uma pesquisa da Associação Brasileira de Aviação Geral (ABAG). Dentro desse segmento, está o mercado de aviação executiva, com um crescimento cada vez mais expressivo no mercado brasileiro. À frente de países como México, Argentina e Chile, o Brasil é o país que possui o maior mercado no segmento de aviação executiva na América Latina, com uma frota aproximada de 1.650 aeronaves, sendo 650 helicópteros, 350 jatos e 650 turboélices. A cidade de São Paulo, principal centro econômico do País, concentra 35% dessa frota.

O crescimento da economia brasileira, a valorização da moeda nacional e a internacionalização de empresas brasileiras são alguns dos principais fatores que impulsionam a expansão do segmento por aqui. O potencial do mercado brasileiro também pode ser notado pela Latin American Business Aviation Conference & Exhibition (LABACE), principal evento de aviação executiva da América Latina, que vem sendo realizado anualmente em São Paulo e é considerado o segundo maior evento do mundo em termos de público participante.

As empresas do setor

Criada em 1969, a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) é líder no segmento de aviação comercial e há alguns anos vem se destacando também nos segmentos de Aviação Executiva, Defesa e Governo. O lançamento do jato Legacy 600 há cerca de 10 anos marcou a sua entrada no segmento de aviação executiva. A experiência da empresa em projetar aviões para alta utilização acrescenta aos jatos executivos características únicas, proporcionando aos clientes tranquilidade e alta disponibilidade das aeronaves, com manutenção simplificada.

O modelo Legacy 650 é um dos mais novos jatos desenvolvidos pela companhia, com estrutura baseada no modelo Legacy 600, oferecendo alcance para até 14 passageiros. Empenhada em reduzir o impacto ao meio ambiente, ao criar o modelo Legacy 650, a empresa não mediu esforços: o produto possui dois motores Rolls-Royce AE 3007 A2 – uma versão refinada do conhecido motor AE 3007 –, eficientes quanto ao consumo de combustível e que produzem uma média de 29% menos CO2 do que aviões mais antigos e 22% a menos que os jatos da geração atual, apresentando um desempenho otimizado por sua configuração e software de controle digital do motor ainda mais aperfeiçoado.

Em seu interior, é possível acessar Internet Wi-fi, realizar e receber chamadas via VoIP e, alternativamente, realizar chamadas através do telefone via satélite Iridium. Há um espaço generoso para o preparo de alimentos frescos e todas as conveniências possíveis foram consideradas, como refrigerador, adega climatizada, micro-ondas, máquina de café e outros. A Embraer desempenha um papel estratégico no sistema de defesa brasileiro, tendo fornecido mais de 50% da frota da força aérea brasileira. Cerca de 20 forças aéreas no exterior também operam os produtos Embraer. Essa especialização da empresa em prestar tais serviços permite que sua credibilidade seja ainda maior perante o consumidor.

A concorrente Gulfstream, desde 1967 no segmento, atua na aviação executiva, serviços governamentais e militares, além de missões especiais como vigilância costeira, alerta aéreo e outros, com operação em mais de 30 países. Mantém um escritório do programa de missões especiais que conta com gerentes e engenheiros de projeto com experiência para atender aos desafios mais exigentes. Dentre seus diversos modelos, o Gulfstream G450 é um dos de maior destaque. O jato pode transportar até oito passageiros por até 4.350 milhas náuticas (8.056 km). Com seu alcance intercontinental, o G450 conecta com facilidade Dallas a Paris, por exemplo. Seu cockpit é considerado a cabine de pilotagem mais avançada da aviação executiva. O G450 apresenta uma cozinha de bordo completa na parte dianteira ou traseira, com disposição para armazenar louças e talheres, um sistema de esterilização de água e cafeteira dupla, além de banheiros nas partes dianteira e traseira. É possível escolher entre seis configurações internas ou escolher uma configuração sob medida para personalizar o avião.

A brasileira TAM Aviação Executiva também se destaca neste seleto segmento. Parte do grupo TAM, fundado em 1961, momento em que iniciou suas operações com três pequenos aviões Cessna, é hoje líder de mercado na aviação comercial no Brasil, e seu segmento de aviação executiva vem crescendo consideravelmente. Desde 1982, a TAM Aviação Executiva passou a representar uma das maiores fabricantes de aeronaves executivas do mundo: a Cessna Aircraft Company. Em 2004, passou a ser representante de mais uma empresa do grupo Textron, a Bell Helicopter. A companhia atua tanto na venda de helicópteros e aviões como também no serviço de fretamento de jatos privativos. O modelo Cessna Citation CJ4 é o maior, mais rápido e mais avançado CJ já construído. Totalmente integrado, é equipado com aviônicas Pro Line 21 de quatro telas e possui o cockpit mais ergonômico da categoria, com capacidade para até sete passageiros e dois pilotos, em um alcance máximo de até 3.380 km a 45.000 pés. Seu interior evoluiu bastante em relação ao CJ3: possui nova linha de confortáveis assentos, além de janelas com maior visibilidade.

O modelo possui ainda sistema elétrico de comando das persianas, luzes e multimídia. Esse sistema inclui monitores individuais que exibem o mapa do vôo, além de entretenimento avançado, com filmes em Blu-Ray. Já o modelo Citation X é o jato executivo com consumo de combustível mais eficiente da sua categoria, podendo cruzar cerca de 5.689 km antes da primeira parada para reabastecimento – ou seja, é possível viajar de São Paulo a Brasília em apenas 1 hora ou de São Paulo a Nova York com apenas uma escala. O Citation X acomoda até oito passageiros e dois pilotos.

Adquirir um jato privativo ainda é para poucos, já que o investimento é alto e existe um custo fixo de manutenção do equipamento. Porém, optar pela compra de uma aeronave particular pode não ser apenas uma questão de luxo, conforto ou exclusividade, mas sim de economia. Muitos negócios no mundo corporativo podem depender da rapidez da viagem. Dependendo da necessidade da empresa ou do consumidor, vale a pena a compra de uma aeronave ou então apenas o fretamento eventual.